Thominha de Campos
PEIXARIA
Não sou nada
mau.
Nunca serei nada
mau.
Não pretendo nada vir a ser
mau.
À parte isso, tenho em mim todas as traquinices do mundo.
(Come patézinhos de atum pequena;
Come patézinhos!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão patézinhos).
Mas o Dono da Peixaria chegou à porta e ficou à porta.
E o meu doninho entrou na Peixaria
(para comprar carapaus???),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Volto momentaneamente para a cadeira
ronronando.
Enquanto o destino mo conceder, continuarei ronronando.
(Se eu casasse com a gata da lavadeira
Talvez fosse ainda mais feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O doninho saiu da Peixaria
(metendo o troco na algibeira das calças?).
Como por um instinto divino voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, miei:
- Anda p'ra casa doninho!
E a porta abriu-se
e ele entrou
pousou as compras,
e o Saco da Peixaria
sumiu.